sexta-feira, 27 de novembro de 2009

O Plano das Bicicletas Brancas

Muito mais que um cicloativista, o holandês Luud Schimmelpennink sempre foi um homem da contracultura. Preocupado com o meio ambiente e com o crescimento desenfreado da sociedade de consumo, ele chamou alguns amigos e, juntos, formaram o grupo Provo originário da palavra provocação , nos idos da década de 1960. A idéia deles era provocar a atenção das autoridades sem o uso de nenhuma violência e, se possível, com uma dose de bom humor.
Em 1964, Ludd e os Provos estavam muito preocupados com o caos no trânsito de Amsterdã. Propuseram ao governo um projeto de fechar o centro da cidade para veículos particulares, o que aliviaria 40% do tráfego. Para ajudar a população, mais de 20 mil bicicletas seriam distribuídas pelas ruas, para serem compartilhadas.
A proposta foi negada pelas autoridades, mas Ludd resolveu ir adiante mesmo assim. Traçou e colocou em prática aquilo que se tornou o mais importante manifesto dos Provos: o Plano das Bicicletas Brancas. Ludd, que já era designer, imaginou toda uma história: pintar 50 bicicletas de branco e espalhá-las por toda Amsterdã. Elas poderiam ser usadas por qualquer pessoa, desde que as devolvessem depois. A polícia reagiu com firmeza, retirando todas as bicicletas de circulação, sob a alegação de que elas não poderiam ficar soltas, sem cadeados. Os Provos recolheram e colocaram trancas com as combinações do cadeados escritas nas próprias bicicletas. O plano não chegou a durar longos anos, mas foi tão bem-sucedido que serviu de base para o que hoje conhecemos como bicicletas comunitárias, também conhecidas como bicicletas públicas ou de aluguel, em voga nas principais capitais européias.
Ludd continuou seu trabalho de conceber idéias para reduzir a poluição nas cidades. Logo depois do Plano das Bicicletas Brancas, foi a vez dos Carros Brancos. Ele criou um novo conceito automobilístico, o Witkar, um pequenino veículo elétrico, não poluente e pintado de branco, claro. A cooperativa do Witkar abriu em 1968 e continuou funcionando até 1986, quando faliu ao precisar de políticas públicas para sua produção em grande escala.
Ludd não desistiu e continuou trabalhando como designer industrial. Criou novos modelos para bicicletas, softwares para aliviar o trânsito e uma versão moderna para as bicicletas brancas: o Cartão Inteligente, que permite a retirada e a devolução das magrelas via computador. Atualmente, o sistema é usado na Holanda.
A partir dos anos 2000, Ludd entrou para a política de verdade: foi eleito vereador pelo Partido Trabalhista Holandês sua principal plataforma é a continuação do projeto do Witkar, além da ampliação das bicicletas comunitárias em Amsterdã. Desde 2007, ele é diretor da empresa holandesa Ytech Innovation Centre.
Fonte: http://playrec-playrec.blogspot.com/2009/01/o-plano-das-bicicletas-brancas.html