segunda-feira, 26 de abril de 2010

“Quintais cheios de vida”

Ciclovia de Belém

O que falta fazer para que nossas ruas sejam convidativas para os ciclistas? “Se as pessoas respeitassem a lei, não precisaria ser feito nada”, diz o diretor da União dos Ciclistas do Brasil, Eric Ferreira. Isso porque, de acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, a velocidade máxima permitida nas vias coletoras e locais, principais ruas dentro dos bairros, é de 40 e 30 quilômetros por hora, respectivamente. Mais uma vez, como na maior parte dos problemas do país, caímos na questão da educação. “Se pedestres e ciclistas não fizeram parte da nossa história, nem da nossa infância, como respeitar lá na frente o que desconheci no meu passado por inteira falta de vivência?”, diz Antônio Miranda. “A educação tem que começar com as crianças, na escola. E, quando a criança fala com o pai, ele acaba ouvindo”, afi rma Moacyr Paes, membro do Conselho Nacional de Trânsito (Contran). 
Por isso, o projeto “Rio – O Estado da Bicicleta” prevê, além de capacitação de agentes de trânsito, parceria com escolas públicas para conscientizar os alunos de que a bicicleta não serve apenas como veículo de lazer. Em Aracaju, duas vezes por semana são realizados passeios ciclísticos educativos, inclusive com dicas de segurança. Em um deles, o sorteio de bicicletas é o chamariz – mas só concorre quem estiver pedalando. “A gente brinca: você vem com uma bike e pode voltar com duas, mas se vier sem, volta a pé, lhe garanto”, diz Fabrício. 
Nem seriam necessários muitos artifícios para estimular o uso das magrelas se nos conscientizássemos do quanto elas podem tornar as ruas mais aprazíveis. Elas fazem parte da tendência de reumanizar as cidades. Têm uma escala muito mais humana que o automóvel, a velocidade é mais baixa e você está aberto, em contato com as coisas e com as pessoas. Então, pegue sua bicicleta e vá para a rua, convicto de que está contribuindo para que também nossas cidades voltem a ser quintais cheios de vida. 

Teresina, PI: é a capital brasileira com a maior participação das bicicletas nas viagens diárias na cidade: 11,8% dos deslocamentos são feitos de magrela (estima-se que no Rio de Janeiro esse índice esteja ao redor de 4%). 
Rio de Janeiro, RJ: maior quilometragem de ciclovias do país. São 140 quilômetros implantados - e 60 projetados. E elas existem há mais de 15 anos. 
Praia Grande, SP: a cidade litorânea paulista é a que tem o maior percentual de infraestrutura por habitante: são 31,38 centímetros de malha cicloviária por pessoa. O segundo lugar, Curitiba, passa longe, com 6,65 centímetros por habitante, seguido por Teresina, com 6,23, e Rio de Janeiro, com 2,61